sábado, 15 de agosto de 2009

Presença militar dos EUA na Colômbia "dá plataforma política" a Chávez

Divulgação: 15/08 - 14:13 - Leandro Meireles Pinto, do Último Segundo

SÃO PAULO – O acordo de cooperação militar entre Colômbia e Estados Unidos, que prevê o uso, pelo Exército americano, de três bases na Colômbia é ineficiente no combate ao narcotráfico e "dá plataforma política a Hugo Cháve na América do Sul", afirma o professor da Universidade da Califórnia Abraham Shragge, livre-docente em História Moderna dos Estados Unidos.

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusa os EUA de quererem criar na Colômbia uma plataforma a partir da qual possam "atacar" seus vizinhos. Os governos de Equador, Bolívia e Nicarágua, aliados de Caracas, se somaram a essas críticas. "Hugo Chávez exagera neste caso. A ideia da presença norte-americana no continente dá a ele uma grande plataforma de combate político" afirmou Shragge, em entrevista ao Último Segundo.

O professor diz ainda que o acordo com a Colômbia, que prevê a manutenção de até 800 soldados em território colombiano para a luta contra o narcotráfico e o terrorismo, não é ameaça para a soberania dos países sul-americanos. "As tropas podem até ser vistas como uma provocação dos EUA, mas seriam necessários muito mais que 800 homens para desestabilizar a região", disse.

Em uma crítica ao extremo militarismo norte-americano, o profersso explica que a Guerra Fria tornou os país "enfeitiçado" com o poder militar e isso se reflete na política externa. "É necessário entender que o problema do narcotráfico na Colômbia provavelmente não precisa ser resolvido militarmente, ainda mais por soldados dos Estados Unidos", afirmu o professor. Segundo Shragge, parcerias de inteligência e desenvolvimento social são muito mais efetivas e menos danosos à reputação dos EUA no mundo.

A Colômbia, maior produtora mundial de cocaína, já recebeu mais de US$ 5 bilhões de dólares de Washington, principalmente em ajuda militar, para enfrentar traficantes e rebeldes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O acordo negociado nesta semana é uma extensão de um acordo de cooperação militar já existente.

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