quarta-feira, 29 de outubro de 2008

C.E. Barão do Rio Branco

Rir é o melhor remédio II


E, por falar em tecnologia...
Porque continuo sem entender estas piadinhas.
Rοiτ®



Tecnofobia: diagnóstico, tratamento e profilaxia.


“Quanto a mim, tenho medo de computador, aquela bocarra escancarada pode engolir-me a qualquer instante. Acho que muita gente já foi engolida e ainda não percebeu. Muita garotada, inclusive” (Mino Carta)

Pensando em alguns colegas, após um bate-papo na sala dos professores, é que “saiu” este texto, cuja abordagem central é a “tecnofobia”: aversão aos equipamentos eletrônicos, notadamente, no nosso caso, professores, computadores domésticos e laptops. Ela existe de fato e não é tão incomum encontrar colegas com esta patologia com diagnóstico preciso e profilaxia conhecida.

Iniciando o tratamento, nesta próxima quarta-feira iniciaremos um ciclo de oficinas em que veremos, desde a utilização básica de laptops, passando por montagem de aulas utilizando programas de visualização, acoplando equipamentos diversos como o data-show, amplificador, dvd e tv, assim como a produção, publicação e edição de vídeos realizados com filmadoras digitais e telefones celulares.

Como a formação continuada na própria escola redunda benefícios conhecidos por todos (CANDAU, Vera Maria. Magistério: construção cotidiana, pág. 51), a idéia que surgiu em nossa conversa informal foi que deveríamos começar “ontem” utilizando tanto a sala de vídeo, quanto o Laboratório de Informática do Barão (LIB).

A programação, para os 2 primeiros encontros, de duas horas cada, é uma síntese do kit representado pelos cds - (Educação para um Rio Digital),que acompanharam os notebooks, consignados aos professores, além dos cursos de Informática Educacional A e B, e o de utilização de notebooks, ministrados presencialmente em nosso respectivo Pólo de Tecnologia Educacional (http://www.cted.educacao.rj.gov.br/), além do material em mídia digital do Programa de Formação Continuada Mídias na Educação (SEED/MEC).

Para a multiplicação de conhecimentos, contaremos com o auxílio de colegas (que já “apanharam” bastante) apresentando-se como orientadores voluntários para ministrar estas mini-oficinas, às quartas-feiras após o intervalo das aulas.

Isto tudo para enfrentarmos a tecnofobia, um dos temas de discussão em fórum do curso de Pós em TICs e Mídias (UFRRJ/e-proinfo), assim como o de extensão do Cecierj/Cederj, edições 2007/2008.

Sabemos que muitos perdem oportunidades excelentes de, não só dinamizar suas aulas, como, também, de terem facilitada a tarefa da preparação de aulas, projetos e trabalhos com a utilização da informática educativa (InfoEduc).

Veja o que Alípio Gama Veiga Neto, em sua dissertação de mestrado, coloca:


“A maior dúvida, no entanto, parece estar no porquê de certas pessoas, adultos formados em nível superior e ocupando cargos que exijam competência intelectual, apresentarem resistência quanto à utilização produtos tecnológicos em sua vida profissional e pessoal. Quais os fatores psicológicos que estariam presentes a ponto de as impedirem quanto à realização de tarefas que seriam melhor executadas, por exemplo, com o auxilio da informática? Qual a interferência dos processos educativos, a que se submeteram, na utilização de novas tecnologias para a melhoria de sua vida profissional?
http://www.veiga.net/tecnofobia/

Alguns colegas quando vão projetar um filme em dvd encontram-se em dúvida cruel: usar o que já conhecem (o tradicional aparelho de dvd acoplado a um aparelho de TV) ou uma mídia convergente do tipo laptop plugado em um data-show com som amplificado, em que tanto o filme quanto as operações de um computador com acesso a internet poderiam enriquecer a aula.

Isto quanto não pedem auxílio a alguém. Não que isto não seja correto, mas, o ideal é que tenhamos autonomia para a utilização de toda a mídia que (graças a Deus) nossa escola dispõe.

Além dos textos disponibilizados na barra lateral -Oficina de Mídias - (aí ao lado), há, também alguns filmes no link abaixo, divulgado no I Congresso de Tecnologias na Educação, de 27 a 31 de outubro de 2008 (http://www.youtube.com/watch?v=08rVXi55yjE) que servirão de base para o nosso primeiro encontro, no dia 05/11/2008.

Leia os textos, assista aos filmes e deixe um comentário neste blog sobre a sua experiência com as tecnologias, dando idéias sobre o que podemos fazer para “vencer” estes medos, enriquecendo esta proposta inicial.
Até quarta!


Rοiτ®

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Aprovação x Reprovação?

Uma das reclamações mais constantes que fazemos e ouvimos nas salas de professores das escolas da rede estadual é uma relação entre a queda crescente de qualidade dos alunos do Estado na Capital e a aplicação da forma de avaliação ciclada da rede municipal carioca. O uso de considerações, basicamente negativas, sobre esse tipo de "progressão continuada" como definem aqueles de forma mais positiva essa metodologia foi constante na campanha eleitoral que foi encerrada ontem(com o candidato vencedor tentando ser o porta-voz mais intenso desta condenação). Acredito que vale a pena ler dois textos sobre esse tema. Um deles bem atual pois foi publicado ontem em um jornal de circulação nacional e que supostamente tenta atingir um público leitor mais abonado financeiramente e formador de opinião. Eis o texto que trascrevo:

"EDUCAÇÃO: A BRIGA NO RIO ESTÁ ERRADA –
(O GLOBO de 26/10/2008 – Seção Opinião na página 7)

Acabar com a aprovação automática parece ser uma evidência no atual momento político no Rio de Janeiro. Mas o que ficou conhecido como aprovação automática é a má aplicação do que se chama progressão continuada, uma das medidas essenciais quando queremos sanar as dificuldades da escola. Ao invés de anos, ciclos de aprendizagem, que avaliam, mas não reprovam, ao contrário, acompanham o desenvolvimento de cada aluno, ajudando-o em seu pleno desenvolvimento. A aprovação automática, como ficou conhecida aqui no Rio de Janeiro, não reprova, mas também não consegue acompanhar os alunos com dificuldade. O sistema educacional que ainda predomina no Brasil foi inspirado no modelo industrial. Nossa escola é como a linha de montagem de uma fábrica: as diversas disciplinas, sem conexão umas com as outras, são partes de um mundo que está distante do aluno. A vida, o contexto ficou afastado da escola, que mais parece um presídio de alunos. A educação moderna não tem como alvo o ser humano, sua formação integral, intelectual, física, estética, existencial etc., mas busca, através de um sistema excludente, produzir as diferentes peças de uma engrenagem social estratificada. > Aliado à industrialização tardia, convivemos ainda com as marcas de um regime militar que tratou como subversivo todo tipo de pensamento crítico, toda atitude corajosa e reflexiva. E hoje temos uma educação essencialmente passiva, fundada no acúmulo de dados; uma escola que, além de isolada do mundo e da vida, nomeia de "grade" o currículo e de "disciplina" os conteúdos. O sistema de reprovação que ainda vigora no Brasil é um dos mecanismos mais excludentes e cruéis de nossa sociedade. Quando reprovamos um aluno estamos afirmando que ele é o único responsável por seu mau desempenho. Nem os professores, nem a diretora, nem a família, nem o sistema de ensino serão reprovados, apenas ele. E isto se deve, entre outras coisas, ao fato de que a escola está historicamente centrada no ensino, não na aprendizagem. Os professores, o corpo técnico, os gestores se sentem responsáveis pela transmissão de conteúdos, mas não se sentem comprometidos com a aprendizagem; se o aluno aprende ou não é problema , dele, não da escola. Em alguns municipios brasileiros 60% das crianças ficam reprovadas na primeira série. Eles têm em geral seis ou sete anos, e vão pagar por essa não aprendizagem. A reprovação faz com que, ( muito cedo, as crianças sofram a exclusão, a segregação social que tanto massacra nossa sociedade adulta. Uma mulher que abordei na rua, em um bairro muito pobre da cidade, disse-me que seus filhos tinham saído da escola porque não conseguiam aprender. A escola só gosta de quem sabe", ela disse. E deveria ser o contrário, a escola deveria se dedicar de um modo especial a quem não aprende no tempo estipulado. Hoje, no Rio, temos crianças na escola que não sabem ler, aos 12 anos de idade; antes da progressão continuada elas também não sabiam, mas estavam fora da escola, das estatísticas. O objetivo da progressão continuada é manter crianças e jovens na escola, e isso ela tem conseguido. Mas, se as crianças, mesmo na escola, não estão aprendendo, então devemos brigar por uma escola que ensina, em vez de reivindicar uma escola que reprova. O sistema seriado de ensino que temos, dividido em anos, com diversas disciplinas isoladas umas das outras e distante da vida, permanece porque está centrado no poder do professor. Um novo modelo de escola se dedica menos ao ensino e mais à aprendizagem, não se satisfaz em ministrar conteúdos, mas acompanha e estimula os alunos no exercício de suas diferenças, monitorando suas dificuldades e aptidões. Não é de reprovação que precisamos, mas de uma escola que se comprometa com qualquer aluno, que se dedique a cada um deles, que trabalhe em prol do seu sucesso, e, para isso, promova situações de aprendizagem cada vez mais elaboradas e integradas entre si. Precisamos de uma escola disposta a se transformar e crescer para atender às necessidades das diferentes crianças e jovens, em seu processo de desenvolvimento. Uma escola que estimule a participação, a pesquisa e o pensamento crítico, uma escola democrática, que possa existir realmente para todos."

VIVIANE MOSÉ (aquela filósofa que fazia aparições especiais no Fantástico)"

Agora compare as reflexões da autora acima com um texto que foi produzido no "calor" da discussão (a palavra é mais adequada que debate) sobre essas alterações. Fiz a proposta original de redação que sofreu bem poucas modificações pelo grupo de colegas da Escola Municipal Maria Isabel Bivar onde trabalho. O texto que reproduzo abaixo e foi enviado para orgãos de imprensa, Conselho Municipal de Educação, Secretária Municipal de Educação e gabinete do Prefeito Cesar Maia. Ele representou a tentativa de sintetização possível da opinião coletiva em uma reflexão critica que fosse tão téorica na argumentação como prática na proposição:

Rio de Janeiro, 16 de maio de 2007.

CARTA DO MAGISTÉRIO DA ESCOLA MUNICIPAL MARIA ISABEL BIVAR


Ao Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, CÉSAR MAIA.
Com cópias para:
Secretária Municipal de Educação SONIA MOGRABI
3ª Coordenadoria Regional de Educação da SME/RJ
Conselho Municipal de Educação do Rio de Janeiro

Agora o ‘burro’ vai ser aprovado!” (Declaração de uma das alunas representantes do Grêmio, da Escola Municipal Maria Isabel Bivar, no dia do último Conselho de Classe).

A declaração acima foi feita em resposta ao questionamento sobre a opinião, da referida aluna, em relação às mudanças divulgadas no critério avaliativo da rede municipal do Rio de Janeiro. A frase aumentou ainda mais a polêmica, no debate sobre o tema, que já existia no citado Conselho de Classe. O texto que está sendo iniciado tenta ser uma resposta sintética a indagação da aluna bem como uma reflexão breve da angústia que a situação gerou neste corpo docente e suas propostas de superação. É uma carta dirigida as principais autoridades executivas de gestão, formulação e fiscalização do sistema de educação pública municipal do Rio de Janeiro. Esperamos, ansiosamente, uma resposta.
O assunto é tão polêmico por ter relação com a modificação na avaliação conceitual praticada nas escolas municipais como complemento da implantação do programa de ciclos de aprendizagem. Concretamente a mudança, na percepção mais imediata do corpo discente, exclui a utilização dos conceitos O – Ótimo – anteriormente usado nos alunos de melhor aprendizagem e I – Insuficiente – reservado aos alunos com maior dificuldade em aprender e que poderia ser base para uma possível reprovação do ano escolar. Foram mantidos os conceitos MB – Muito Bom, B – Bom e R – Regular que não podem possibilitar retenção no ano escolar e devem ser usados de maneira “global”, ou seja, unificados formalmente em todas as disciplinas para cada aluno, também, pelos Professores do segundo segmento do ensino fundamental. A posição pública da maior autoridade do governo municipal carioca pode ser resumida em uma declaração da própria:
O sistema é o que se usa nos países onde a educação é máxima prioridade. O conceito é o seguinte: em uma sociedade da informação num mundo descontínuo especialmente para os mais pobres – base da escola pública – que são submetidos à TV dos adultos e não tem escrivaninha, estante ou laptop em casa, querer ter um processo seriado e contínuo nas escolas é criar uma escola excludente. Seria como voltar aos padrões do século XIX”. (Declaração do Prefeito CÉSAR MAIA, sobre a questão da resolução de avaliação, publicada na edição do Jornal do Brasil do dia 06/05/2007).
O que explica então a angústia vivida no Magistério e o sentido da afirmação da aluna? Será que parcela significativa dos Professores da rede municipal do Rio de Janeiro, e desta unidade escolar, tem a mentalidade pedagógica do século XIX e, por isso, fica tão angustiada diante de uma forma de avaliação tão desenvolvida e contemporânea? Será que um espontâneo senso comum discente que relaciona a dificuldade no aprendizado escolar com uma “burrice” individual não pode alcançar um previsto bom senso educacional tão moderno como inclusivo pedagogicamente? Enfim qual é o problema que alimenta tanta polêmica? Na opinião coletiva, aqui expressa, identificamos dois problemas fundamentais no processo de implementação dos ciclos de aprendizagem. Podemos dizer sinteticamente que um é de conteúdo e o outro de forma.
Não podemos negar a validade do debate pedagógico sobre a utilização de um processo ciclado de avaliação. Diversos pesquisadores e teóricos da pedagogia, de autoridade relevante, produziram trabalhos abordando positivamente o seu uso. Já existem diferentes experiências de outras redes municipais com os ciclos educacionais e a atual LDB possibilita totalmente a sua implementação. Onde está, então, a dificuldade do conteúdo desta proposta pedagógica? Na falta de melhorias básicas da estrutura material (aumento do número de escolas, redução da média de alunos por turma, recursos pedagógicos abundantes, etc.) e na condição profissional (planos de carreira valorizadores, base salarial atraente, reciclagem/formação constante e generalizada, fartura de profissionais bem remunerados e complementadores do trabalho pedagógico tais como os administrativos escolares ou de outras áreas como a saúde, serviço social, segurança, etc.). Somente atendendo essas reivindicações será possível uma implementação mais séria dos ciclos.
Na grande maioria das experiências educacionais cicladas o grande chamariz é a melhoria dos índices de avaliação com a implantação da aprovação automática dentro do período interno de cada ciclo. É uma preocupação quantitativa que subordina a qualitativa confirmando o problema de conteúdo que somente é resolvido ampliando muito o orçamento da educação pública. O exemplo do rendimento decepcionante dos alunos do município de Campos na última avaliação externa do governo federal foi culpabilizado expressamente, pela atual Secretaria Municipal de Educação local, ao modelo ciclado de aprovação automática praticado no governo anterior do Município. A solução adotada é reveladora: para “melhorar a qualidade” educacional foram retomadas, na gestão educacional presente, as avaliações com possibilidades de reprovação. É necessário frisar aqui o desempenho não muito melhor do Município do Rio de Janeiro na mesma avaliação federal. Implementar ciclos sem grandes investimentos estruturais e profissionais significa perder a oportunidade de experimentar, seriamente, uma pedagogia valiosa e praticar o que alguns sociólogos da educação chamam de “exclusão do interior”, isto é, reproduzir de forma disfarçada e implícita a mesma exclusão que é combatida publicamente ao...
“... instaurar práticas de exclusão suaves, ou melhor, insensíveis, no duplo sentido de contínuas, graduais e imperceptíveis, desapercebidas tanto por aqueles que as exercem quanto por aqueles que as sofrem (...) A Escola exclui como sempre”. (BOURDIEU, P. & CHAMPAGNE, P. “Les exclus de l’ interieur” in BOURDIEU. Pierre. org.- La misère du monde. Páginas 601-2 apud BONNEWITZ, Patrice. Primeiras Lições sobre a Sociologia de P. Bourdieu. Petrópolis, Vozes, 2003, p. 127 já existe tradução portuguesa da obra original)
A problemática da forma tem um impacto mais imediato para quem defende uma proposta de educação democrática e democratizante. A ausência de um amplo e constante debate prévio dos Profissionais de Educação, Alunos, Familiares e Comunidade sobre as modificações é muito preocupante e tem um efeito revelador. Não adianta a SME/RJ alegar que nos últimos anos “consultou comissões de professores” que representaram a base, supostamente, democrática na formulação da conclusão dos Ciclos. Quando a SME/RJ quer avaliar uma gestão dirigente escolar qualquer – o que é feito todo ano – envia questionários para cada escola para que o Conselho Escola Comunidade local reúna todos os segmentos escolares na produção de um relatório representativo da opinião do coletivo. Na avaliação anual da Direção Escolar existe muito mais cuidado de consulta do que quando a SME/RJ quer consultar sobre a estratégia da avaliação pedagógica praticada nas escolas municipais. Poderia ser diferente? Depende da intenção política final. Debater coletivamente significa, verdadeiramente, possibilitar a construção coletiva da decisão. Discutir em “pequenos comitês” quase desconhecidos revela desejo de controle e autoritarismo predominante do centro dirigente.
Assim a forma equivocada deste processo somente terá correção quando a Prefeitura assumir o objetivo de socializar, realmente, o debate e a decisão com a comunidade escolar. Como fazer? Duas sugestões entre muitas: solicitar que cada CEC reúna os seus segmentos para avaliar as mudanças propostas e produza um relatório sintético de análise/propostas da sua unidade escolar e a convocação/realização de um grande Congresso de Educação Municipal – com a participação dos representantes dos segmentos de cada unidade escolar municipal, suas entidades de organização coletivas e Universidades - que debata as opiniões dos relatórios bem como tenha autoridade para deliberar sobre a forma de avaliação do Sistema de Educação Pública da Cidade do Rio de Janeiro. Na realidade cada mandato de Prefeito deveria ser marcado por uma iniciativa semelhante para demonstrar concretamente que uma política educacional deve ser uma construção coletiva e democrática na prática e não apenas na teoria. Querem outro exemplo da necessidade premente do debate deliberativo coletivo? Nas palavras de livro original da Multieducação:
É urgente uma reflexão sobre que papel o processo avaliativo tem desempenhado no sentido de conferir aos alunos o direito à cidadania. A exclusão da escola causada por sucessivas reprovações nada contribui para que os alunos tenham este direito assegurado. A reprovação de um aluno deve-se constituir antes numa exceção do que em uma norma de tão aceita que já se tornou natural. A Multieducação não propõe a reprovação que penaliza e exclui nem a aprovação automática. Ela propõe um repensar sobre o processo de ensino aprendizagem que envolve um repensar sobre o planejamento, desenvolvimento e avaliação do processo ensino aprendizagem”. (SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO. Multieducação: núcleo curricular básico. Rio de Janeiro, Imprensa da Cidade – PMRJ, 1996, páginas 388 e 389, grifos nossos).
Qual foi a urgência demonstrada pelo poder público municipal em promover ou estimular a reflexão educacional e, principalmente, dividir a responsabilidade da decisão sobre os rumos da mesma na prática pedagógica cotidiana? Será que as discussões e reflexões feitas nas equipes pedagógicas de cada CRE, em conjunto com as “representações” de comissões de professores, autorizaram a conclusão de uma determinada visão de ciclos pedagógicos? Porém, como sempre dizem em certas reuniões, e a opinião do “campo”? O que deve ser o “campo”? Não será o conjunto de Profissionais de Educação e a Comunidade Escolar de cada unidade educacional? Quantas reuniões regulares, bem divulgadas e deliberativas ocorreram, nos últimos dez anos, com todos os setores destas comunidades em que foi detalhada cada proposta pedagógica e refletida coletivamente a avaliação do seu mérito? Qual espaço decisório cada coletividade educacional teve acesso, e participação, na definição das questões polêmicas? Será que os gestores da educação pública carioca do século XXI aceitam o desafio, que para alguns pode até remontar as idéias do século passado, deste método de construção coletiva?
Como terminar a carta? Solicitando as autoridades destinatárias da mesma que reflitam sobre o que entendemos como equívocos aqui apontados na aplicação prática do seu pensamento educacional. Conclamando que seja aberto, imediatamente, um processo coletivo de consulta e decisão sobre a melhor metodologia de ensino, aprendizagem e avaliação com plena garantia da participação de todos os setores de cada comunidade escolar. Queremos muito? Pretendemos demais? Acreditamos concretamente que não. Sendo ainda mais sinceros avaliamos que somente não concordam com essas ações estratégicas as pessoas implicitamente descomprometidas com a escola pública democrática ou aqueles explicitamente possuidores da verdadeira “burrice” ou ignorância pedagógica.

ASSINAM O TEXTO OS SEGUINTES MEMBROS DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DA ESCOLA MUNICIPAL MARIA ISABEL BIVAR EM ORDEM ALFABÉTICA:

Alexandre Furtado – 10/199549-7
Américo Homem da Rocha Filho – 10/114836-9
Cecília Maria – 10/106699-2
Diva Maria M. Barbosa – 10/176444-8
Izabel Cristina Gomes da Costa – 10/169747-3
Kátia de Oliveira Ferreira – 10/017371-6
Lidiane Guedes Ferreira – 10/207038-1
Luciana Aparecida da Silva – 10/202730-8
Maria de Fátima M. Mendonça – 10/11588-0
Maria Olympia L. de Castro – 10/013769-5
Mariane Fernandes de Catanzaro – 10/217011-6
Marylin Barbosa da Silva – 10/146400-7
Paulo César dos Santos Alexandre – 10/138655-6
Paulo Dias – 10/108354-2
Reinaldo Barbosa Neto – 10/169787-9
Rogéria dos Santos – 10/088877-6
Rosana C. Bomfim – 10/233817-6
Sérgio Paulo Aurnheimer Filho – 10/169725-9
Stella de Fátima G. da Silveira – 10/016726-2
Yara Veiga Cavalcanti – 10/104334-8

domingo, 26 de outubro de 2008

Como hoje é feriado...


No meio do caminho, tinha um professor.



Descobrir o limite entre liberdade e autoritarismo em nossa prática docente não é tarefa das mais fáceis, mas não é por isto que não devamos trocar experiências e, por que não dizer, procurar em autores de referência o que a Pedagogia, a Filosofia, a Psicologia têm para nos auxiliar nisto que entendemos como um grande desafio de nossa atuação em sala de aula: quais os caminhos de que dispomos para auxiliar nossos alunos na compreensão do que diferencia a atitude egoísta do ato solidário? A dependência da autonomia? Ou seja, como despertar a crítica e a reflexão, através de debates em sala de aula, mantendo a disciplina suficiente, para garantir que todos (sem exceção) possam expressar suas verdades, aprendendo a respeitar a opinião alheia e se fazendo respeitar, em suas convicções?

Há muito que não aceitamos mais o que o senso comum tentava nos ensinar: “educação se traz de casa”, pois, o que vemos no ambiente escolar, na maioria das vezes, contraria esta afirmação.

Então, se ela não é item obrigatório, disputando espaço com celular, caderno, livros e canetas na mochila de nossos alunos, qual o espaço que lhe compete?

Ou devemos continuar “empurrando pra debaixo do tapete” aquilo que os PCN incluem em seus conteúdos - o saber ser – permanecendo com nossa prática em torno dos dados, conceitos e procedimentos.

Se os conteúdos atitudinais embasam o caráter e a personalidade a serem desenvolvidos pelos nossos alunos, por que não os trabalhamos efetivamente em toda a esfera da didática?

Para as nossas avaliações em testes, trabalhos e provas, elaboramos questões “cobrando” dados, conceitos e procedimentos. Mas, em que momento avaliamos (cientificamente falando) as atitudes de nossos alunos? Elas só existem para facilitar a separação que fazemos de alunos bagunceiros dos “nerds” e, assim, contribuímos com nossa parcela, isolando aqueles que receberão um tratamento diferenciado daqueles que, provavelmente, a vida cocluirá a exclusão definitiva iniciada em nossas salas-de-aula?
Rοiτ®

sábado, 25 de outubro de 2008

Tempo congelado para ser lembrado

O ano já caminha para o final e postei abaixo alguns intantes congelados pela fotografia das nossas atividades festivas e culturais em 2008. Abraços.

Feira Cultural 2008











Imagens de Eventos de 2008














































quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Avaliação: um ato de amor


Anúbis: o Supremo Hierarca do Carma. Em um dos pratos da balança, suspende uma pena e, no outro, um coração. Quando do Grande Julgamento (nosso derradeiro C.O.C), que nossos corações estejam tão pesados quanto esta pena!

Com a proximidade dos trabalhos de avaliação, representados por testes, trabalhos em grupo, provas e outros mais, pensamos ser necessária uma reflexão a respeito do que, para cada um de nós, representa avaliar o nosso aluno.

Acredito que uma releitura da obra do prof. Cipriano Carlos Luckesi, à luz de toda a nossa experiência, é uma oportunidade de nos permitirmos uma parada para tomada de fôlego e correção (se necessária) de rumos de nossa prática docente.


Diz o professor, em seu livro Avaliação da Aprendizagem Escolar:

"Defino a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que a avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir avaliação de julgamento. O julgamento é um ato que distingue o certo do errado, incluindo o primeiro e excluindo o segundo. A avaliação tem por base acolher uma situação, para, que então (e só então), ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, se necessário. A avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e não a seleção (que obrigatoriamente conduz à exclusão). O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo.

Transportando essa compreensão para a aprendizagem, podemos entender a avaliação da aprendizagem escolar como uma ato amoroso, na medida em que a avaliação tem por objetivo diagnosticar e incluir o educando, pelos mais variados meios, no curso da aprendizagem satisfatória, que integre todas as suas experiências de vida.


A prática de provas e exames exclui parte dos alunos, por basear-se no julgamento, a avaliação pode incluí-los devido ao fato de preceder por diagnóstico e, por isso, pode oferecer-lhes condições de encontrar o caminho para obter melhores resultados na aprendizagem.

Simbolicamente, podemos dizer que a avaliação, por si, é acolhedora e harmônica, como o círculo é acolhedor e harmônico. Quando chamamos alguém para dentro do nosso círculo de amigos, estamos acolhendo-o. Avaliar um aluno com dificuldades é criar a base do modo de como incluí-lo dentro do círculo da aprendizagem; o diagnóstico permite a decisão de direcionar ou redirecionar aquilo ou aquele que está precisando de ajuda." (Luckesi 2005, pág. 173.)


Rοiτ®

Eterno Freire: uma lição para sempre!



Representando a direção do C.E. Barão do Rio Branco, durante o evento em homenagem ao Dia do Mestre, foi feita a leitura de uma mensagem mais do que atual de Paulo Freire. O texto, que todos recebemos, carinhosamente, durante a comemoração, encontra-se afixado no mural da sala de professores de nossa escola.


Colegas, felicidade SEMPRE !




COMEMORAÇÃO DO DIA DOS MESTRES
Dá pra pensar no que é que a gente faz enquanto professor-educador? Lendo o livro do Sacristán, a gente tem uma leve idéia...

É de impressionar!
Certas coisas, porque a gente faz "no automático" nem se dá conta da enormidade e significação das mesmas.

Dá só uma olhada:

01) Instrução, demonstração e avaliação em integração com os alunos.
02) Organização do trabalho do aluno na turma, designando encargos.
03) Atuação em incidentes e contingências.
04) Organização do movimento dos alunos
05) Manutenção da disciplina.
06) Organização e desenvolvimento de mensagens diversas extra-classes.
07) Avaliações sem a presença de alunos
08) Atenção aos alunos em assuntos pessoais dos mesmos.
09) Organização das condições da classe
10) Supervisão passiva de alunos
11) Atuação junto a outros professores questão com os mesmos alunos
12) Disposição sopesada do equipamento em classe
13) Discussão com outros profissionais sobre assuntos pertinentes.
14) Preparação de aulas.
15) Atividades extra-escolares, culturais, desportivas, etc.
16) Gestão de assuntos diversos
17) Planejamento de atividades e disposição da classe
18) Cuidado com a integridade dos alunos
19) Registro de dados, assistências, meios, notas, etc.
20) Tarefas mecânicas, como preparar equipamentos, dispô-los adequadamente, etc.
21) Atividades relacionadas com objetos ou meios de propriedade do aluno
22) Atividade em espaços da escola fora da sala de aula.
23) Leituras profissionais.
24) Tempos de coordenação.
25) Vigilância em exames
26) Ocasiões especiais: festas, jornadas, feiras culturais, etc.
27) Reuniões profissionais, conselhos de classe, etc.
28) Receber informações
29) Excursões
30) Atividades exteriores relacionadas à vida profissional (pág. 239)

Momentos como estes assumem uma importância enorme em nossa sanidade físico-mental-espiritual e, por que não dizer, profissional.












Ao vencedor, as palavras...

Aqui, no Barão, não só ensinamos. Demonstramos, com nossas atitudes e procedimentos o sentido que faz, em nossas vidas, os conceitos trabalhados em sala-de-aula.
Temos talentos que, com esforço e dedicação, melhoram diariamente sua condição humana.
Veja, por exemplo, o Sérgio...

BARÃO FELIZMENTE NU

Já que a trilogia passada acabou aqui vai quase um cordel!
Contador de algumas das peripécias deste ano.
Primeiro cabe celebrar as novidades que tivemos.
Tanto material bom e novo chegando para nosso plantel!
Saudamos e recebemos todos na alegria do cotidiano.
Desnudando o prazer do Barão que queremos!

“STRIP-TEASE[1]

Cai t-shirt[2]
Mas um avião sai do chão
E outro pede permissão
A vida corre solta e sem previsão”

Vale então homenagear alguns deles por isso!
Começamos com o novato nativo sociológico.
Boa aquisição nos debates que temos é esse grande Curumim!
Fala precisa e um engajado perfil ideológico.
Porém é o atual alvo da tropa das casamenteiras sem fim!
Precavido ele resiste em ficar vestido deste compromisso.

“Cai o jeans
Cai o mundo além do jardim
Alguns acham normal
Vida breve, boba e sem manual”

Uma outra bela nova é de matemática nossa docente.
Chegou meio perdida, assustada e calada entre a gente!
Agora quando usa saia fica com as pernas molhadas de tão integrada.
Entretanto ficamos preocupados quando pela enxaqueca é atacada!
Chocolates e aqueles exercícios conjugais formam o melhor tratamento.
Tirando a dor como a dançarina do ventre lança seus véus ao vento!

“Enquanto tiro mais
Enquanto danço mais
Em torno do meu poste de strip-tease
Você pode olhar
Você pode até tentar chegar
Sem pagar... sem pegar”
Seja a homenagem de todos os novos pelos dois que citados já foram.
Convivendo de manhã até noite com poucas tristezas tivemos muita satisfação!
Sabendo que aquelas colegas sedentas da água do Barão engravidaram.
Apostando no mingau desejado e em uma bicicleta docente que tem mágica capacidade.
Mas o tributo da nossa memória é a lembrança viva de PP e Tomaz em nossa saudade!
Presente nas festas, feiras e falas a compartilhar sempre essa bela recordação.

“Pega leve
Enquanto tudo ferve
Enquanto a terra gira
E faz o seu strip em torno do sol
Eu continuo a rodar
Eu continuo a dançar
Continuo a tirar”

Não esqueço do pessoal da conservação, inspetoria, secretaria e merenda.
Trabalhando e realizando junto o complemento do serviço mais educativo!
Agradecemos coletivamente esse convívio e que seja ainda mais participativo.
Finalizando espero que possamos ler aqui despindo todos os problemas e seus poderes!
Dançando e subindo no poste da vida feliz de cada um independente da sua renda.
Concluo continuando como o ficante a desnudar os nossos inocentes prazeres!

“Cai g-string[3]
Ditadura é tudo igual
Nenhum ditador é legal
Vida heavy nua, crua e frontal.”





Sérgio Paulo



PS. Como sempre o meu texto, e o presente uso da música do Kid Abelha acompanhante, são brincadeiras da imaginação do nosso intenso conviver. Representam sinceros desejos de realizações, tanto no campo pessoal como coletivo, para todas e todos que compartilham essa nossa parceria profissional. São votos, também, de que no novo ano de 2008 possuam uma alegria muito nua na vida pessoal de cada um e uma existência bem despida de qualquer infelicidade individual ou familiar. Fiquem com fraternos Abraços e comportados Beijos!

[1] - “STRIP-TEASE” é o nome de uma das músicas do último CD/DVD da banda Kid Abelha (“PEGA VIDA” lançado no ano de 2005) cujos autores são Paula Toller e George Israel.
[2] - “T-SHIRT” é a nossa conhecida camisa curta ou camiseta originalmente em inglês.
[3] - “G-STRING” é o nome de um tipo de roupa intima feminina, ou lingerie cotidiana, muito usada em algumas regiões da Europa (na Inglaterra principalmente), com aquela ousadia na forma sensual tão conhecida do biquíni brasileiro “fio dental” e que cria um intenso contraste com as comportadas vestimentas de praia tão usadas por mulheres européias e norte-americanas.

Rir é o melhor remédio!








Paulo Freire

"Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica."

(Pedagogia da autonomia)