quinta-feira, 23 de julho de 2009

MEC dá o tiro de misericórdia na escola pública média

Divulgação: Paulo Ghiraldelli Jr.
Qua, 22 de julho de 2009 20:33

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Capitaneado por Fernando Haddad, o MEC e o CNE deram o tiro de misericórdia na escola pública de ensino médio. Tudo ia mal nessa escola, e ela estava agonizando. Pode-se ficar calmo agora, ela não vai mais sofrer. Virá o descanso eterno.

Essa escola foi o nosso orgulho no passado. Éramos um Brasil que iria ter futuro, quando olhávamos tal escola. Seus professores eram tão ou mais importantes que os das faculdades. Cada disciplina dava condição de se aprender realmente o que iria ser requisitado no início da faculdade. Isso foi assim, e só faz vinte ou trinta anos. Tornada profissionalizante pela LDBN de 1971 e, depois, conduzida a uma descaracterização total ao final do Regime Militar, ela nunca mais se recuperou. Oito anos de governo FHC e, então, mais oito anos com Lula, e ela só piorou. Finalmente encontrou-se a solução, típica de veterinário ruim: sacrificá-la.

Agora sim, realmente dá para entender o que o ministro Fernando Haddad queria dizer quando ligou para minha casa, querendo se desculpar pela sua articulação com os grupos empresariais - nitidamente conservadores - do movimento "Todos pela Educação". Também agora consigo ver, claramente, a razão do Jarbas Passarinho dizer publicamente que "ah, gosto daquele moço".

É que Fernando Haddad tinha uma tendência de falar de socialismo e posar de esquerda, mas sua prática política é a da direita. Se não é no todo, é nas partes principais. No caso da medida sobre a escola média, o ato é visivelmente reacionário.

Segundo as novas regras a escola média poderá optar por estudos interdisciplinares. Ela poderá diluir as disciplinas tradicionais em "eixos temáticos". Além disso, os
estudos poderão ser organizados pelo aluno. Há mais novidades, mas nem vale a pena citar - é tudo muito triste.

As conseqüências disso, nós já sabemos. O pessoal do MEC e adjacências leu demais Edgar Morin, mas não entendeu. Acreditou que interdisciplinaridade é coisa simples. Na prática, o que ocorrerá será o seguinte: a escola particular terá condições de se flexibilizar e, funcionando por eixos, terá a chance de contratar professores menos especializados e, até mesmo, um professor para diversos assuntos. Economizará com isso, principalmente em direitos trabalhistas. Ao mesmo tempo, tendo que colocar os alunos nas faculdades, voltará a fortalecer o sistema integrado com o cursinho, como já se fazia. Assim, o MEC dá um presentão para os donos de escolas. É a festa do empresariado do ensino médio, e nós pagamos a conta.

Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo

http://ghiraldelli. ning.com e http://filosofia. pro.br

Fonte: http://rluizaraujo.blogspot.com/

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Paulo Freire

"Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica."

(Pedagogia da autonomia)