sábado, 6 de março de 2010

Quem tem o dever de educar o cidadão?

Quando eu falo e grito com a minha alma, pixo e digito com as minhas tags, sonho e construo com o meu coração sobre a urgência na formação de “coletivos”, estou me referindo à ocupação de todo e qualquer espaço onde nossa voz, os anseios, utopias e frustrações do professor possam ecoar. 

Daí que, em minhas aulas, nas pesquisas que desenvolvo e em minha prática, entendo que a mídia digital vem se mostrando enquanto um dos mais eficazes suportes para que muitos conheçam o “por detrás dos discursos”, o que escondem as políticas públicas em educação, a fragilidade do reino de papel, do reizinho da Rute Rocha; a legislação a serviço da manutenção do sistema e as ações que transformam tudo em mercadoria - bonitinha - pro cidadão achar que está tudo melhorando, com as escolas recebendo computadores, ar condicionado, diários virtuais, identificação por chip, uniformes padronizados pra todo estudante da rede, bilhete único integrando todo o transporte carioca...

Um exemplo de ótimo aproveitamento destes espaços virtuais vem do professor Declev Reynier Dib-Ferreira, que, além de educador ambiental, exerce a profissão de biólogo, doutorando em Meio Ambiente na UERJ, atuando como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na rede municipal de educação de Niterói, além de professor contratado da UERJ.

Em seu blog “Diário do Professor”, há matérias daquelas que nos trazem autênticas inquietações e, dentre elas, como tenho pesquisado para um artigo, exatamente a formação do professor para o uso das TICs relacionando-a às ações verticalizadas das secretarias de educação e  a formação de “coletivos digitais”, colhi este texto, da lavra do colega, que vale à pena ser lido na íntegra.

O título - instigante, diga-se de passagem - é “quem tem o dever de educar o cidadão? - do qual destaco alguns trechos de uma resposta do autor sobre a possibilidade (ou não) do papel "deseducador" da tv brasileira, justifica o convite para a leitura integral, em que se lê:

“A “responsável pela formação da audiência do Big Brother e eteceteas de mesmo calibre” não é a escola.
É a Justiça brasileira (no sentido amplo englobando todos os setores do poder judiciário), onde todas as injustiças começam.
É a justiça que não faz a sua parte fazendo-se cumprir as leis, mandando as emissoras de tv tv se comportarem como devem se comportar as concessões públicas; não colocando na cadeia os políticos que não cumprem a lei de responsabilidade fiscal e que não investem em educação o mínimo que a lei exige, que roubam o dinheiro que deveria ser investido na educação do povo.
(...)
É muito fácil culpar-se a educação quando não se dá à escola (e aos profissionais da educação) condições de atuar decentemente. Lembrem-se: não ganhamos nem um décimo do que ganha um juiz ou um promotor ou mesmo um advogadozinho de porta de cadeia – e nem o que ganham os políticos desonestos – pleonasmo – que a justiça teima em não colocar na cadeia ou insiste de tirar de lá o mais rápido possível, quando vão. Ah, também não temos em nosso trabalho as dezenas de aspones que esses sujeitos-de-bem têm.
É muito fácil colocar a culpa na escola que deveria educar mas não educa, tendo a escola, contra ela, a sociedade inteira deseducando.

Este, entendo, é um exemplo de ocupação do espaço midiático por ações deflagradoras de atitudes que possam resultar em transformações sociais. Daqueles textos que seguem feito corrente, alastrando-se - do e-space para a realidade historicamente percebida -, pras diversas realidades com que travamos contato.


Rοiτ®

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Paulo Freire

"Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica."

(Pedagogia da autonomia)