sábado, 28 de fevereiro de 2009

O fotojornalismo de A a Z – uma exposição necessária

André AZ



Sabe aquela sensação de ausência que de vez em quando bate na gente quando vê alguma coisa, ou passa por determinada situação e não consegue atinar nos porquês. Pois está sendo assim, exatamente no dia do meu aniversário de mais de meio século, com a despedida do AZ, o André AZ - fotógrafo de O DIA.

De tanto usar suas imagens pra exemplificar minhas aulas, é como se ele fosse amigo íntimo, companheiro de copo. Seu olhar marcava a diferença entre o fotógrafo do fotojornalista, a tal ponto de Carlos Mesquita, editor de seu material, afirmar que “muitos são fotógrafos. André Alexandre Azevedo sempre foi fotojornalista”. “Uma pessoa do bem, iluminada em todos os sentidos. Um ser humano no sentido amplo da palavra”, disse seu colega de profissão Alessandro Costa.

Uma de suas imagens fora recentemente utilizada por mim no slideshow deste blog (Cartão Postal), sobre a violência que tira o direito de nossos alunos estudar e de nossos colegas trabalharem, colhida no “Protesto na Praia de Copacabana: cruzes para lembrar 3 mil mortos, uma de suas contribuições cobrando atitudes do poder público, junto com a ONG Rio de paz, em ago. 2007.

Outras fotos suas merecem, no mínimo, uma exposição pública, como a cobertura do pânico na Linha Vermelha, com famílias se protegendo do tiroteio no Timbau, ou, ainda, a chegada dos militares à Cidade de Deus, com uma imagem impressionante de uma mulher atravessando a rua apressada, com uma criança, na frente de um veículo blindado, disponíveis na internet.

Apenas uma bala,

No dia 25, próximo à favela Parque União, em Benfica, o assassino precisou de apenas um tiro, a longa distância. Apenas uma bala, dentre tantos tiroteios a que André AZ presenciou, fotografou e vivenciou na qualidade de fotojornalista e cidadão à mercê da violência que não escolhe suas vítimas, roubando vidas, tanto de pessoas comuns e de talentos que fazem de seu ofício bem mais que uma profissão: uma marca registrada de um autêntico produto artístico.

Que as Academias e Clubes de Fotógrafos não deixem passar em preto e em branco esta vida de uma tonalidade marcante, com uma justa homenagem !

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Paulo Freire

"Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica."

(Pedagogia da autonomia)