sábado, 17 de julho de 2010

Um desabafo indignado!

Registrando e divulgando: por Euler Costa, em 17/07/2010).

Não sei nem por onde começar. A minha indignação, revolta e raiva são tão grandes que ainda estou atordoado. Não consigo acreditar que uma criança morra estudando em sua sala de aula, vitima de um tiro de fuzil. A idéia é absurda e sul – real. Não consigo e não vou nunca (graças a Deus) me acostumar com esse tipo de barbárie. Uma criança de 12 anos, um filho, um neto, um sobrinho, um aluno, um amigo; morto brutalmente pala barbárie de uma política boçal de “ENFRENTAMENTO” sem medidas, sem freio, sem propósitos, a não ser eleitoreiros.

O Rio dividido. Para as classes A, B e C, tratamento VIP, traduzido em UPP’s; já para o resto um tratamento VPI (Vão para o Inferno), ou seja, a bala!
A secretária de “educação” disse em seu veículo oficial de comunicação (Twitter): “Nossa criança”....”inaceitável”, disse ela. Ora, a quem vê crianças como números quantificáveis através de inúmeras avaliações e busca de resultados e no mínimo estranho o uso do termo “nossa criança”; e “inaceitável” é como todas e adultos a tempos tem sido tratados de forma ipócrita e frigida pelo estado.

Nenhuma manifestação do prefeito, que estava muito ocupado e o governador idem. Afinal não seria mais uma criança da favela morta em uma operação da PM em horário escolar, em uma comunidade pobre no subúrbio do Rio, que impediria a ambos de participar de um comício já marcado (quem mandou a o garoto morrer justo ontem), no centro do ao lado do presidente e da futura presidenta do Brasil!

Todos juntos em uma grande festa da democracia. Todos celebrando a liberdade democrática, onde um prefeito em exercício e campanha, se junta a um governador em exército e campanha, a um presidente em exercício e campanha pela sua candidata a presidência da República. Realmente é algo dantesco ver em um mesmo noticiário o fato de uma criança marta em sua sala de aula e no mesmo noticiário, que ocorreu poucas horas depois, um comício que reuniu as maiores autoridades do Estado e do País, como se nada de anormal estivesse acontecido. Talvez porque não tenha mesmo acontecido nada de anormal. A anormalidade que eu vejo, outros possivelmente encarem com naturalidade.

Confesso estar completamente tomado pela emoção enquanto escrevo. Mas que bom que seja assim. Sinal de que continuo humano.
Que Deus ampare a esse anjo e a toda sua família. Que Deus ampare a todos nós.

Posso não mundar o mundo, mas me calar jamais!
Desculpem pelo desabafo.

Um comentário:

Pedagogia da Imagem disse...

Euler,

Fiquei ainda muito emcocionado quando li, no Jornal O Globo de hoje, que o menino Wesley tinha consciência dos riscos que sofria. Para uma matéria feita pelo jornal, um mês antes, ele havia afirmado que o "tiro" era o principal problema da comunidade. Ele sabia os riscos que corria, que sua vida estava ameaçada. Isso já não é mais "bala perdida". O "tiro" que ameaça tantas vidas assim, não pode ser entendido como "bala perdida".

Aristóteles

Paulo Freire

"Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica."

(Pedagogia da autonomia)