Afinal, pimenta na língua do outro, pouco nos agride...
Mas, dificilmente, sobrevivem a sacrifícios extremos como ficar entalada em um anel de garrafa pet.
destes aneis plásticos em torno do casco.
Espaço para encontro de educadores e todos os demais formadores que têm contribuído na produção de uma sociedade mais justa, alterando o quadro atual, quebrando paradigmas. As matérias são de responsabilidade dos autores, não expressando opinião institucional. Todo texto sujeita-se à aceitação dos moderadores e condicionamento ao Direito Digital, Ética e Cidadania na web. http://www.educarede.org.br/educa/img_conteudo/cartilha_tecnologianaeducacao.pdf http://www.patriciapeck.com.br/faq.asp
Fila de ônibus |
Fernando Celso Villar Marinho - UFRJ
RIO - Professora de ciências da rede estadual há cerca de dois anos, Monique Lisboa, de 28 anos, só sobrevive da sua profissão porque passa quase o dia todo em sala de aula. Ela está entre os 25 mil docentes que ganham o piso salarial da categoria: R$ 765,66 brutos por 16 horas semanais, o equivalente a menos de 1,5 salário-mínimo. Esses profissionais representam 30% de um total de 78 mil, segundo levantamento obtido pelo GLOBO. Apesar de o piso do Rio ser o pior entre os 27 estados do país, os fluminenses aparecem em 13 lugar quando levado em conta o pagamento da hora/aula: R$ 10,88.
- Ninguém consegue viver só com o salário da rede estadual. O valor líquido, que sobra na nossa mão, é de pouco mais de R$ 600. A gente se desdobra para ter um rendimento razoável: para ganhar cerca de R$ 3 mil por mês, eu tenho que dar aulas em dobro na rede municipal do Rio, de manhã e à tarde. À noite, leciono no estado. Estou pensando em fazer concurso para outra área - desabafa Monique, formada em biologia.
Ninguém consegue viver só com o salário da rede estadual (Monique Lisboa)
Apesar de a situação do Rio ser crítica, o levantamento obtido pelo GLOBO com base nos salários - sem gratificações - pagos em fevereiro deste ano mostra que a hora/aula é ainda pior em outros estados. Na base da pirâmide está o Rio Grande do Sul, com R$ 862,80 por 40 horas. Ou seja, R$ 4,90 por hora. No lado oposto, está o Maranhão, com R$ 1.631 por 20 horas: R$ 18,53 por hora.
A comparação entre salário e rendimento traz surpresas. Apesar de o Maranhão ter o valor mais alto de hora/aula no piso, o estado figurou na lista do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), no ensino médio, apenas na 18 posição. São levados em conta provas de português e matemática e porcentagem de aprovação na elaboração do índice.
A partir de julho, piso subirá para R$ 800
Já o Rio Grande do Sul, pior no ranking do valor da hora/aula, ficou em quarto lugar no último Ideb de ensino médio. O Paraná foi o melhor colocado e paga no piso uma hora/aula abaixo do Rio: R$ 8,80. Os fluminenses amargaram o 26 lugar no Ideb, só à frente do Piauí.
A discussão salarial é antiga no estado e continua acirrada. O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) convocou uma greve no dia 7 de junho, ainda sem data para terminar. O governo estadual vem se mexendo e acena com mudanças na carga horária base, que hoje é de 16 horas. A partir de julho, segundo a Secretaria de Educação, o piso já passará R$ 800,11, com a incorporação de uma parcela do antigo programa de gratificação Nova Escola aos vencimentos. Os profissionais que ganham os salários mais baixos são os aprovados em concursos nos últimos três anos, que ainda estão em período de estágio probatório.
Queremos o aluno com o professor mais tempo na escola (Wilson Risolia)
- A discussão salarial está sendo tratada junto com a revisão da carga horária. Os estudos estão sendo finalizados e as ações programadas para o segundo semestre. Queremos o aluno com o professor mais tempo na escola - afirma o secretário de Educação, Wilson Risolia, acrescentando que este ano já foram investidos R$ 546 milhões em benefícios.
Pedro do Coutto
Em seu relatório sobre as contas do governo federal relativas a 2010 e a respeito do desempenho da economia e da administração brasileira, o Tribunal de Contas da União identificou a existência de riscos de as obras para a Copa de 2014 não estarem concluídas no prazo previsto. O texto integral do trabalho está publicado no Diário Oficial de 3 de junho e a matéria, aprovada por unanimidade, teve base em parecer do ministro Aroldo Cedraz.
Ao proceder a um levantamento de possíveis riscos associados ao evento – assinalou Cadraz – o Tribunal verificou a ausência de informações objetivas e o desconhecimento de obstáculos que limitam o andamento normal das obras. Constatou-se que algumas sedes correm o perigo de terem estádios ociosos após a Copa.
Além desse dado que, na realidade, destaca falta de planejamento lógico e adequado, o TCU observou que no que se refere aos aeroportos surgiu a dúvida de que a capacidade operacional da Infraero não seja suficiente para executar os investimentos programados. Consequentemente poderá não viabilizar a conclusão das obras no tempo oportuno. Vejam os leitores – digo eu – quanto pesa a força da inércia. Tudo entre nós fica para a última hora.
E isso, aí e que está, pelo menos funciona para duplicar ou triplicar os custos. Temos os exemplos dos Jogos Panamericanos e da Cidade da Música. Solução ótima para as empresas empreiteiras e alguns grupos. Péssima para o erário público.
A Copa depende também da mobilidade urbana, ou seja, em linguagem mais clara, dos sistemas de transporte rodoviário e ferroviário, vale acentuar.
Neste setor – assinalou Aroldo Cedraz – constatou-se que até o final de abril do ano passado nenhuma obra havia sido contratada. Assim existe o risco de que os financiamentos liberados tenham sido com base apenas em projetos conceituais, com algum nível de detalhamento, mas que não podem ser caracterizados como básicos nos termos da legislação brasileira.
O relatório do Tribunal de Contas – acredito – deve servir de alerta para a presidente Dilma Roussef no sentido que confie menos nas informações douradas sempre conduzidas à mesa dos governantes e se envolva mais diretamente na questão. Isso porque, quanto maior for a distância entre o poder e seus braços executivos, menor será a eficiência, mais caras as obras, mais lentas se tornam. Juscelino Kubitschek estava sempre presente em todas. Os resultados foram os melhores possíveis. Um exemplo bem à mão e ao pensamento da presidente da República.
Outro ponto do relatório. O TCU revelou que o crescimento do PIB no ano passado alcançou a cifra de 7,5%. Como pela lei em vigor, o salário mínimo de 2012 será reajustado à base da soma do PIB de 2010 com a taxa inflacionária a ser registrada em 2011, se a data marcada fosse hoje, o aumento nominal seria 14% sobre os atuais 545. PIB de 7,5 mais o índice inflacionário de 6,5%.
Um terceiro enfoque, este esclarecendo a situação da Previdência Social, sem considerar, é claro, a incidência da tradicional corrupção no INSS e a dívida das empresas, no montante de 162 bilhões de reais, e que se eterniza por uma omissão comprometedora. O setor urbano – conclui Aroldo Cedraz – apresentou no ano passado um superávit de 7,8 bilhões. O setor rural, entretanto, apresentou um déficit de 50,7 bilhões de reais. Qual a razão de tal diferença? Pergunto eu. A resposta não deve ser difícil.